Sensoriamento Remoto x SIG


Lembro que anos atrás conversava na mesa de boteco (local onde sempre ocorrem as melhores conversas) com um amigo sobre um livro que estava lendo mais cedo, chamado de Remote Sensing and GIS Integration: Theories, Methods, and Applications, de Qihao Weng.

Na verdade, nunca terminei de ler todo o livro. Foi uma daquelas leituras de capítulos para pesquisar sobre algo específico. Enfim… então comentei com ele algo como: cara, fraga que Sensoriamento Remoto (SR) é raster e Sistema de Informação Geográfico (SIG) é vetor, né? E não estou dizendo sobre a diferença entre vetor e raster, mas sim de áreas de conhecimento com características específicas.

Por mais que pareça estúpido hoje e termos estudado tanto SIG como RS na faculdade, estávamos refletindo profundamente e isso explodiu nossa cabeça. Por que?

Os softwares hoje permitem essa integração de forma fácil e intuitiva. Estamos acostumados a abrir um software SIG qualquer, colocar uma imagem, interpretar, dar um zoom e começar a “desenhar” (vetorizar) por cima da imagem, achando que isso é Sensoriamento Remoto. Também manipulamos fácil seu brilho, contraste, tamanho do os pixels e etc e tal.

O autor do livro chega a mencionar que SIG é uma tecnologia predominantemente de manipulação de dados, enquanto SR é primariamente uma tecnologia de coleta de dados. Eles possuem características em comum, mas outras diversas particularidades. E sobre elas que iremos destacar neste post.

Então fraga só 10 características de SIG e Sensoriamento Remoto que separamos para não terem mais dúvidas (Fonte: Grinds.com)

SENSORIAMENTO REMOTO (SR):

  1. Técnica de levantamento e coleta de dados: ou seja, pesquisa e coleta dados sobre uma coisa (fenômeno) sem o contato físico direto com o objeto de estudo.
  2. Pode recuperar grandes quantidades de dados: variando por tipo de sensor (câmera), uma única imagem pode conter diversas informações sobre uma área de estudo além, é claro, de sua localização.
  3. Reduz o trabalho de campo de forma impressionante: quer estudar um trecho da Amazônia sem ir lá? “Diga x” e tire uma fotinha da área de estudo (ou baixe/compre em algum site/empresa)
  4. Permite a recuperação de dados em regiões de difícil (e as vezes impossível) acesso: particularmente, quando não podemos mandar nossos estagiários voluntários alemães para regiões montanhosas, vulcânicas, congeladas ou no meio do oceano, recorremos ao Sensoriamento Remoto.
  5. Permite a coleta de mais dados em um curto período de tempo: já viu uma imagem do satélite GOES? Não? Pesquise no Google que vai entender.
  6. Principalmente usado na coleta de dados: parece o ponto 1 dito acima, ficando um pouco redundante. Mas é bom reforçar sobre seu principal papel.
  7. Tem uma interface de usuário mais complexa: não apenas de software (conhece o Spring do INPE?), mas de anos de estudo e experiência. Por ser de coleta de dados é fundamental ter pessoal qualificado para não correr o risco nesse procedimento.
  8. Abrange uma área de estudo limitada de cada vez: consegue pegar muita informação, mas trecho por trecho de cada vez.
  9. Menos robusta: o SR é muito menos robusto que um SIG devido à sua capacidade limitada de interpretar os dados e também mais suscetível a danos. Piscou na hora da foto, fodeu. Foi tirar os olhos vermelhos, fez bobagem no procedimento, não tem backup e salvou a imagem? Pronto, estragou tudo.
  10. Ferramenta nenos ideal para a comunicação de informação: tem melhorado esse ponto, mas por ser uma área bem técnica, é difícil transmitir isso para o público em geral. É preciso uma sensibilidade maior para ser bem sucedido nesse ponto.

SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICO (SIG):
  1. Composto por hardware e software: consiste de software (ArcGIS, QGIS, etc) para analisar os dados e o hardware em que o software está rodando (computador, GPS, seu smartphone, etc). Há quem diga que também tem peopleware, ou seja, a pessoa que está no volante do software e do hardware.
  2. Pode lidar com quantidades maiores de dados: o GIS é projetado para aceitar e analisar grandes quantidades de dados em qualquer momento. Abrimos o ArcGIS e adicionamos aquela putaria toda de informação (shapefiles diversos, tabela, imagens) que nem sabemos direito o que fazer com tanto dado em nossa tela.
  3. Pode abranger grandes áreas de estudo: bem, não tem muito o que dizer. Enquanto as cenas das imagens de Sensoriamento Remoto cobrem uma determinada área (necessitando de + imagens ou mosaicos para áreas de estudo maiores), no SIG isso não é problema. Vamos analisar o vetor de todos os rios do Brasil? No problem.
  4. Pode lidar com edições de dados ilimitadas e frequentes: por ser robusto, pode analisar grande quantidade de dados e permitir intensa atualização.
  5. Mais robusto e resistente a danos: Deu um clique errado? Se confundiu na tabela de atributos? Basta um Control+Z e tudo se resolve.
  6. Mais rápido e mais eficiente: é mais eficiente em termos de processamento de dados devido aos componentes elaborados no sistema para análises.
  7. Requer menos pessoa, tempo e dinheiro: uma manhã de treinamento com nossos estagiários voluntários britânicos e bazinga! A tarde já estão vetorizando e preenchendo atributos. Tudo errado e tosco né, mas começamos assim mesmo.
  8. Principalmente utilizado para análise de dados: tal como no SR, é importante ressaltar esse ponto. SIG é usado principalmente para a interpretação e análise de dados complexos, orientando a tomada de decisão.
  9. Tem uma interface de usuário mais simplificada: é simplificada se você quiser. Já experimentou abrir todas as barras de ferramentas do ArcGIS? PQP. Fica um caos. Mas normalmente os softwares tem interface mais simples e intuitiva, mais fácil de aprendizado para diferentes tipos de usuários. Se conhece o TerraView do INPE antes e o atual, vai entender o que digo.
  10. Ferramenta ideal para a comunicação de informação: um mapa coloridinho no ArcGIS é uma ferramenta perfeita para a comunicação, desde que bem executado. Temos também os WebGIS (ex: ArcGIS Online) da vida que facilitam a apresentação de informações. Mapas dinâmicos , multimídias e com animações também são bem vindos.
É isso aí meu povo. Acho que isso pode te dar um norte sobre essas duas lindas áreas do conhecimento geoespacial.
Se quiser saber mais sobre a integração, não esqueça de conferir o livro. Vi que ele tem na Amazon. Clique na figura abaixo para ser redirecionado.
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Um abraço.
Red Hood
 

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